terça-feira, 24 de agosto de 2021

Capítulo 24

     Na casa de Lyon, Khoury comia cereais com leite numa tigela, recuperando suas energias depois da batalha com Clair. Weavile era tratado por Togetic, que curava suas feridas com Heal Pulse enquanto Rapidash chorava preocupado com ele. 


 — Whea! — Ele pedia para Rapidash não se preocupar e flexionou os braços mostrando que estava bem.

 — Tem certeza que o Rapidash pode ficar aqui dentro? Ele é grande e... desajeitado — perguntou Michiyo para Lyon, que estava sentado de braços cruzados no sofá da sala.

 — Claro, que tal ela desaparecer com a minha televisão igual você fez com meu carro, hã? Gosta da ideia??


 — Eu já disse que sinto muito..

 — Não sente não — disse Khoury com cereal caindo da boca.

 — É verdade, mas e daí?

 — Prestem atenção, eu disse que é hora de agirmos — falou Brycen, projetando a tela do notebook de Khoury na televisão. Ele havia inserido um pen drive com diversos arquivos de pesquisa. — Tudo isso são conclusões do Raihan que consegui acessar dentro do sistema de dados dos G-Fuel. Elas indicam um padrão de ataques, veem?

 — Uau, onde será que o Raihan conseguiu tudo isso... — Ironizou Lyon, revirando os olhos.

 — Sim, nós já temos noção. Pesquisadores, a Torre dos Ventos de Wind, o museu... Foi assim que chegamos no Vel — disse Khoury e Brycen concordou, passando para outro documento com a foto de uma floresta.


 — Kodama Forest — disse Brycen, apontando para a imagem. — No mesmo dia do ataque ao museu de Technolt, foi relatado um Break nessa floresta. Ou seja, Vel não age mesmo sozinho, temos pelo menos mais três pessoas junto dele. Chamam-se Team Turbo.

 — Turbo — repetiu Khoury, absorvendo o nome.

 — Essa é nova mesmo... Por que o Raihan não avisou o Lyon? — indagou a garota, usando o cajado para apontar para a televisão.

    Lyon olhou para Brycen, que percebeu que ele não contou sobre ter perdido a missão. Michiyo esperava por uma resposta.

 — O Raihan só descobriu ontem de manhã, não teve tempo de avisar. O que realmente importa é que existem muitos relatos sobre a floresta estar relacionada com um dos elementais. Entendem onde quero chegar? — Brycen deu zoom na tela e conectou várias imagens, como Wind City, os pesquisadores e a floresta.

 — A mulher que enfrentamos em Wind — lembrou Michiyo. — Ela queria saber sobre um elemental... Mencionou um nome, qual era mesmo?

 — Então... — Cortando Brycen, a campainha da casa tocou. Lyon olhou pela janela, vendo seu Terapeuta sorridente na frente da porta.


 — Lyon, boa tarde! — Yung o cumprimentou assim que a porta foi aberta.

 — Doutor, o que veio fazer aqui?

 — Doutor? É o seu terapeuta? — perguntou Khoury, agora ao lado de Lyon, que ficou envergonhado.

 — Ele é mais novo do que pensava — disse Michiyo, do outro lado de Lyon, que ficou ainda mais corado de vergonha.

 — Como você disse que não poderia ir na sessão de hoje, eu vim para cá! — O homem sorriu, entrando na casa. Brycen o olhou e ele acenou, sorrindo.

 — Mas não precisava! Te fiz vir até aqui, desculpe!

 — Ah, não se preocupe! Você era meu último paciente e não tenho planos para a noite, então aqui estou!


 — Que gentil, ele veio te ajudar, Lyon — disse Khoury, oferecendo cereal ao Terapeuta. Beartic acordou e cheirou as calças dele, mas Weavile o afastou.

 — Esses são... Khoury e Michiyo, meus amigos. E tem o Brycen também — apresentou Lyon.

 — Danke pela consideração — disse Brycen. — Estamos no meio de algo importante aqui, então se puder esperar um pouco para falar com o Lyon...

 — Claro! Fazia um tempo que não vinha em Arctic, posso passear um pouco e depois me chamam. Fiquei mesmo curioso com o que estão filmando na biblioteca — disse, voltando para a porta.

 — Filmando... na minha biblioteca?! — Lyon saltou para fora da casa. Brycen respirou fundo, sabia que teria que ir atrás dele.

    O grupo acompanhou Lyon correndo até a biblioteca, chegando cansados até lá. Viram um trailer estacionado na frente, com o símbolo de uma Goldeen dourada de óculos de sol.


 — Reconhece isso, irmão Cielo? — perguntou para Khoury, que forçou um sotaque kalosiano para responder.

 — Claro, irmão Angel! E você, Celena?

 — Whea, whea! — Ele entregou uma de suas mãos para Beartic beijar.

 — Ehr... Quê? — perguntou Michiyo, vendo os dois rirem. Yung fazia anotações numa prancheta. — Ótimo, piadas internas, vocês são dois idiotas. Pode anotar isso aí, doutor.


  — O que foi que te pedi, estagiário iluminado? — Eles viram Satomi se aproximar do trailer.

 — Você queria... Batatinhas... — Suando apavorado, o estagiário encolhia-se perante a mulher.


 — Batatinhas... COM KETCHUP!! — Ela jogou as batatas nele, o batendo com o pacote.

    Assistindo a cena, Yung levou as mãos até a boca, Brycen arregalou os olhos e Michiyo começou a torcer para ela bater mais forte.


 — Diretora Satomi... — Lyon conseguiu a atenção da mulher, que o viu com Khoury.

 — Vieram me acusar de outro crime? — perguntou, soltando o estagiário no chão. — Já disse que não tenha nada a ver com isso!

 — Não, não! Só queria saber o que está gravando aqui em Arctic, fiquei um tempinho fora e não estava sabendo.

 — Minha estrela brilhante, Goldeen, está gravando uma cena com Karina Rodeo onde vai mostrá-la um livro com vários penteados de cabelo! Se lembram da proposta, né? Ela está aprendendo a gostar de ser ela mesma! — explicou, com os olhos brilhando em dourado. — MAS CADÊ O BASTIODON PARA A ILUMINAÇÃO?? 

 — Ele está vindo, está vindo!! — O estagiário levantou num pulo após levar um chute da diretora.

 — Quero ser como ela quando crescer... — Michiyo mordia seu cajado, imaginando-se dando ordens para as pessoas.

 — Não é o melhor exemplo, se a gente conversar você pode entender os motivos para querer isso — disse Yung. Michiyo o olhou de cima a baixo e ignorou.

 — Karina Rodeo, é? Já contracenei com ela algumas vezes, é boa atriz — disse Brycen, coçando o queixo.


 — Enfim, a melhor parte é que não precisei pagar nada para gravar aqui, a garotinha disse que se o ginásio dela puder aparecer no filme pro mundo conhecê-la como dona daqui, nos deixaria a vontade — disse, abafando o riso e pensando no dinheiro que economizou. — Agora vão arrumar o que fazer, tá?

 — Margaret... Aquela oportunista!! — Lyon mordia a manga de seu casaco, irritado. — Tenho que retomar o que é meu!

 — Isso, coloca pra fora — disse Yung. — Como pretende fazer isso, agora que já inspirou e expirou três vezes?

 — Disfarces! — sugeriu Khoury, forçando o sotaque.

 — Não é má ideia... — Lyon olhou para o trailer, vendo uniformes da equipe de Satomi pendurados. Em seu rosto formou-se um sorriso de ponta a ponta.

    Vestidos com os uniformes e com os Pokemon regressados, todos entraram na biblioteca junto do Bastiodon que Satomi procurava. Ele era responsável pela iluminação e o grupo disfarçado iria levá-lo até a parte do ginásio, o local da cena.


 — Isso é tão empolgante! — exclamou Yung, juntando as mãos sem parar de andar. — Me sinto numa aventura, é até terapêutico!

 — Ótimo, se colocar no lugar do personagem é o primeiro passo para interpretá-lo bem — disse Brycen. Ele só aceitou o plano porque envolvia seu hobby, atuação.

 — Mas o que vamos fazer? — perguntou Khoury, parando na entrada para a parte do ginásio, normalmente oculta.

 — Nós vamos expulsar a minha irmã daqui — disse bem sério, vendo a menina sentada numa poltrona azul que ele costumava usar para assistir seus Pokemon treinarem.


    Margaret estava rodeada de meninas, atrizes do elenco de Satomi que fariam parte da cena. Bastiodon chegou ao campo, com a cabeça quadrada e cinza brilhando muito. 


 — Vamos começar a cena! — A diretora entrou com um megafone em mãos, como se sua voz não fosse alta o suficiente.


 — Toda poderosa Guardiã do Ginásio de Arctic e dona dessa imensa biblioteca! — Karina Rodeo ajoelhava-se diante de Margaret. Satomi acertou um tapão no pescoço do cameraman, que mudou o ângulo para filmar o rosto da menina.

 — Uh? — O homem recebeu uma ligação, precisando sair para atender. Satomi o fitou furiosa, mas não podia perder a cena agora, então puxou Michiyo para operar a câmera, já que ela estava uniformizada.

 — Minha Goldeen Dourada e eu queremos a permissão para pegar esse livro emprestado! Prometo que devolverei — disse Karina, levantando o livro.

    As duas contracenaram até o fim da cena, mas Satomi não estava satisfeita, embora não reconhecesse o que faltava. Margaret encarava os falsos funcionários de Satomi, principalmente Lyon que tinha os cabelos escondidos por um boné mas não parava de encará-la.

 — Sabe, não fui muito com a sua cara — disse a baixinha para Michiyo, que esforçou-se para não responder. — Não já nos conhecemos antes?

 — Não saia do personagem — sussurrou Brycen, passando por ela. Michiyo forçou um sorriso para responder.

 — Não, nunca a vi antes. Dizem que tenho um rosto bem genérico, deve ser impressão sua.

 — Talvez... Mais cedo vi uma menina vestindo uma cortina horrorosa que ela chamava de vestido e segurando um cabo de vassoura, falava que era cajado mágico, sei lá. Esava junto do palerma do meu irmão e do amigo magricelo dele, cômico, não acha? — provocou, virando-se de costas.

 — Magricelo? — Khoury tentou flexionar o braço direito, mas não tinha mesmo um muque.


 — Tenho certeza que um cabo de vassoura é o suficiente pra te deixar internada — disse Michiyo, não aguentando. Margaret se virou para Lyon, o chamando com a mão.

 — Não tinha te expulsado daqui?


 — Nanica, eu não vou abrir mão do meu trabalho pra alimentar seu ego! — gritou com a garota, retirando seu disfarce.

 — É mesmo? — Ela sorri, estalando os dedos. Pilares de pedras congeladas ergueram-se no campo de batalha, indo na direção deles.


 — Socorro! — gritou Yung, escondendo-se atrás de Brycen, o único ainda de uniforme.


    Antes que alguém se machucasse, aurora envolveu as pedras, contendendo-as no campo. Margaret levou uma mão até a cintura e viu a Ninetales de Lyon erguida acima da aurora, com suas nove caudas balançando. Satomi arregalou os olhos e ordenou que Michiyo filmasse a luta. 

 — É meu ginásio, sua pirralha! — bradou Lyon, apontando para as pedras, onde escondia-se um Avalugg.


    Saltando para a aurora, Ninetales pressionou Avalugg junto das pedras, o fazendo gritar de agonia. Os olhos de Lyon estavam esbugalhados e sua irmã mal o reconhecia, assustada com toda aquela raiva. Yung ajeitou seus óculos, levando uma mão ao coração.
    Quando desfez a aurora, Avalugg rolou pelo campo. Ele formou uma nevasca que não foi o suficiente para impedir a raposa, mas as rachaduras em seu corpo eram congeladas e voltavam ao normal.

 — Eu sou a irmã mais forte! Nosso pai sempre esteve errado em não me enxergar — disse, vendo Avalugg reestabelecido. 


    Elevando a aurora e a manipulando, Ninetales rodopiou dentro dela, tornando-se um tornado de aurora. Khoury impressionava-se com a força que ele usava, Lyon não se continha nem um pouco. Avalugg tentou pará-la, mas não aguentou e foi arremessado contra uma parede, sendo regressado.


    Um deslumbrante Wyrdeer saltou de outra Pokeball de Margaret, firmando seus cascos no chão. Seus chifres giravam e liberavam ondas psíquicas que distorciam a aurora de Ninetales, a deixando exposta. Os dois colidem as cabeças e empurram-se, mas o alce foi mais forte e a prensou nos chifres, passando-a para o lado.


    Não aguentando ser pisoteada por Wyrdeer, Ninetales foi regressada por Lyon. Michiyo continuava filmando o confronto. 

 — Cryogonal! — chamou Lyon, liberando mais um Pokemon. — Gyro Ball!


    Camuflando-se na tempestade de neve, Cryogonal girou pelo campo e passou a cortar os pelos brancos de Wyrdeer todas as vezes que o acertava. Margaret o mandou usar Psywave e com isso conseguiu localizar o Pokemon de Lyon, pressionando no chão com as duas patas dianteiras.


    Beartic saltou da última Pokeball que Lyon carregava, já acertando um soco na barba branca de Wyrdeer, que os espera os chifres. Obedecendo o comando de seu treinador, ele agarra o alce e o levanta para arremessá-lo atrás de si, arrastando seus chifres no chão. Margaret o retorna, suando mesmo naquele frio intenso.

 — Você nem a sua cidade consegue proteger! Nem seu trabalho consegue fazer direito! Eu nunca errei no meu trabalho, nunca faltei com nada e mesmo assim... — Ela sentiu seus olhos molharem, mas as lágrimas eram cristalizadas e levadas pela tempestade. — Jynx, acabe com esse pulguento!

 — Bwaaar? — Beartic coçava a orelha com uma das patas traseiras, não entendendo o comentário.


    A Pokemon humanoide de pele roxa fez seus cabelos dourados levantarem e ergueu-se com a nevasca. Ela colocou as mãos na frente do peito e liberou seu poder psíquico, mandando Beartic contra uma parede, mesmo com ele tentando se agarrar ao chão.

 — Coitadinho! — disse Yung, mas Brycen cerrou os olhos no urso, sabendo que ele podia ser mais do que aquilo. — Lyon, você precisa controlar a raiva que sente! Se conseguir, vai entender sua irmã e podem se resolver!

 — Entender...? Acha que ele quer me entender?! — Margaret olhou para seu irmão, que tinha dificuldades para enxergá-la na neve.

 — Se pudéssemos conversar sem surtos...

 — Você não sabe o que é surtar!! — Tanto ela quanto Jynx gritaram, levando as mãos até a cabeça. A nevasca se intensificou, aprisionando Lyon, ela e os Pokemon.



 — Ele nunca quis saber de nada que era sobre mim... Só se importava em prepará-lo para assumir esse ginásio que eu odeio com todas as minhas forças!! — Ela aproximou-se de Lyon na tempestade, onde Jynx projetava imagens do pai deles.

    Lyon encarou a imagem de seu pai, que parecia encará-lo de volta. Ele abaixou a cabeça, cobrindo a boca com uma mão.

 — Era tanta pressão para ser bom, para não errar... Para suportar mais frio do que eu jamais deveria encarar — disse, levando a outra mão até a imagem de seu pai que perdia-se, já que Beartic acertou um soco em Jynx. — Ele falava a todo instante que se eu falhasse, seria você a assumir. Porque você já estava pronta...

 — O quê? — Ela deu um passo para trás, e Lyon sorriu.

 — Uma garota mais nova do que eu e com metade do meu tamanho... Ele jogava isso na minha cara em cada treino, em cada chance que tinha. 


    Combatendo sem parar, Beartic e Jynx disparavam raios um contra o outro, sendo totalmente branco e gélido o do urso, e brilhante e quente o da humanoide. Lyon encostou no ombro de sua irmã, sorrindo para ela.


 — Nós dois fomos muito afetados pelo pai... Mas podemos fazer isso funcionar, Margaret — disse, puxando a garota para um abraço o qual ela não corresponde. — Vamos acabar com isso...


 — Sim... Não. — Ela soltou-se de Lyon, olhando para o chão coberto por neve. — Você sempre mentiu e passou por cima das pessoas para conseguir o que queria. Não tem mais lugar aqui para isso! — Erguendo o braço junto com Jynx, as duas expulsam Lyon e Beartic da nevasca, que se encerra com os gritos deles.

 — Incrível!! — Satomi chacoalhava Karina Rodeo, que já estava tonta. — Essas cenas foram perfeitas! Vou inserir no filme com certeza!! Era o que precisávamos!

 — M-Margaret... — Vendo Beartic derrotado e a garota de costas para ele, acariciando o cabelo de Jynx, ele abaixa a cabeça e deixa seus cabelos cobrirem os olhos.

 — Perdeu pra caçula, que trágico... — Michiyo se aproximou dele, erguendo seu cajado. — Posso dar um jeito nela...

 — Não. Deixa com ela. Vamos embora daqui — disse, levantando-se e regressando Beartic. Brycen o encarou o tempo inteiro, mas ele já havia acostumado com isso. — Por favor, não vamos mais falar disso agora.

    Deixando a biblioteca, o grupo retorna para a casa de Lyon. Brycen retomou de onde parou, relacionando a Team Turbo com os Elementais.

 — Elementais? Eles tem alguma relação com a paz interior e o autoconhecimento? — perguntou Yung, mas Brycen negou.


 — O Raihan pensou muito sobre o que tínhamos e deu um ótimo palpite. Se eles estão procurando os Elementais, a maior chance deles é o Moltres Matsuri — disse, trocando a imagem da televisão para a de um festival com dançarinos de máscaras brancas com joias da cor do fogo nas testas.

 — Eu já participei uma vez, é um matsuri bem divertido, mas não fica em Blizzfalt. — Khoury levantou a mão para falar.

 — Mas não estou entendendo, o que esse matsuri tem com os Elementais? — perguntou Michiyo.

 — Contam as histórias que nesse dia, longe dos olhos do povo, se reúnem para reacenderem a chama do Guardião Moltres — falou, passando outra imagem para a de um vulcão. — Vocês terão que continuar investigando esse caso, precisam ir para Blazeflügel, a fervorosa ilha ao leste de Argentia. Encontrem o líder do ginásio de Fervent, a cidade onde o matsuri acontece, e contornem a situação. Se esse não for o último alvo dos Turbo... Se não os pararmos agora... Não sabemos o que poderão fazer.

 — Faz sentido — disse Yung, quebrando o silêncio da sala. Ele também prestava atenção.

 — Então vamos partir amanhã, eh? — Michiyo espreguiçou-se, vendo Lyon cabisbaixo no sofá e Khoury fazendo anotações. — Se esse não é o melhor time, não sei qual é.

    No dia seguinte, bem cedo, o trio embarcava no navio no porto de Arctic. Deixariam Blizzfalt em torno de alguns minutos. Yung acenava para eles e Brycen apenas os encarava, com as mãos para trás,


    Deitado numa cadeira de praia numa parte do navio, Hector também fazia parte da tripulação, tomando um suco de canudinho.


    No porto, Margaret via o navio afastando-se. Ela ergue a insígnia do ginásio de Arctic, cobrindo o sol e suspirando, mas viu símbolos espirais se formarem no céu, não entendendo o que era. Quando virou-se, arregalou os olhos com o que presenciava.
    Haviam diversos Hypno balançando pêndulos ao redor de Brycen, que estava ajoelhando diante de Yung.

 — Você já falou muito, Brycen — disse o terapeuta, o estendendo a mão. A tatuagem do Olho de Kanaloa nela estava iluminada.


 — O que está fazendo com o meu corpo? — perguntava com dificuldades, sentindo-se obrigado a apertar a mão dele, não controlando o braço. Ele a apertou e suas pupilas dilataram. Abriu a boca para gritar, mas a fechou em seguida.

    Os Hypno desapareceram como mágica e Brycen seguiu andando normalmente, seguindo Yung. Margaret, escondida, suava frio e processava o que assistiu.

Continua



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sábado, 21 de agosto de 2021

Capítulo 23

 

    Após passarem alguns dias em Technolt, Khoury, Lyon e Michiyo voltaram para Arctic, onde o menino teria sua tão sonhada apresentação para se tornar um G-Fuel. Lyon estacionava o carro na garagem aberta de sua casa, sendo recebido por Darmanitan. Michiyo o cumprimentou e ele a abraçou feliz.



 — Quaaaag!

    Olhando pela janela da casa de Lyon, Quagsire viu Sunflora e Cryogonal sentando-se para assistir televisão. Do lado de fora, Rapidash e Togetic treinavam seus movimentos um contra o outro, enquanto Passimian e Weavile brincavam na neve. 

 — Uh uh uh! — Passimian viu Glaceon enrolando a neve e fazendo bolas, o que o lembram seus cocos que tanto gostava de arremessar.

    Imitando a Glaceon, Passimian começou a produzir várias bolas de neve e distribuí-las entre o Darmanitan de Khoury, Weavile, Ninetales e Mawile.

 — Ninnnuuum! — Ninetales levantou sua aurora e arremessou as bolas de neve em sequência, derrubando Darmanitan, que reclamou que ela tinha algo contra ele.

    Revidando, Darmanitan inflamou suas sobrancelhas e arremessou várias bolas muito rápido, mas Ninetales desviou de todas. Michiyo ajudava Lyon a tirar Beartic do carro, já que ele não queria sair por nada, e acabou recebendo neve nas costas.


    Com o susto, ela ergue seu cajado e o transforma num arco, disparando uma flecha colorida contra as bolas de neve que os Pokemon fizeram. A neve foi enraizada e em instantes desapareceu, deixando somente uma flor roxa no local, mas intercalando as cores das pétalas num gradiente ao tom mais fechado.

 — Whea! — Ele reclamou, chutando a flor, mas ficou com pena e a ajeitou na neve.

 — Michiyo, relaxe um pouco — pediu Khoury, encostando no arco dela. A menina se recuperava do susto, corada. — Eu sei que em Wind você se sentia perseguida, mas não estamos mais lá agora.

 — Não sei, tô sentindo que tem alguém me seguindo — respondeu, retornando o arco para a forma de cajado e o fincando na neve.

    Retornando os Pokemon após mais alguns minutos, os três seguem caminhando por Arctic. Khoury encontraria Clair, a Super G-Fuel que ficou responsável por avaliá-lo, nas proximidades da biblioteca da cidade.


 — Arctic é meu lugar preferido no mundo, não posso ficar tanto tempo longe que sinto falta — dizia Lyon. Michiyo andava desconfiada, olhando sempre para os lados e Khoury controlava sua ansiedade. — Espera um pouco...

    Quando passam pela biblioteca da cidade, que também dá acesso ao ginásio, Lyon repara nas portas abertas. Ele arregala os olhos e começa a repetir "não", como se soubesse o que aconteceu. Os três o seguem para dentro da biblioteca, que como de costume tinha várias pessoas pelos corredores de livros.

 — O que houve, Lyon? — perguntou Khoury, vendo o homem quase tremendo.

 — Ela está aqui...

 — Ela quem? Sua namorada? — provocou Michiyo.

 — A pior... Minha irmã mais nova! — exclamou, e os dois se olharam, começando a rir. — Qual é a graça??

 — Que barulheira é essa? — Eles ouviram uma voz anasalada bem aguda, mas só Lyon se arrepiou. Uma sombra gigantesca surgiu numa das estantes, mas quando a pessoa revelou-se...


    Era uma menina mais baixa que Michiyo, com um casaco azul marinho repleto de detalhes dourados, assim como o que Lyon costuma usar. Seus cabelos brancos eram presos por um arco e iam até os ombros. Ela firmou seu olhar em Lyon, que disfarçou o nervosismo.

 — Ai, claro... Para uma voz me irritar tanto, tinha que ser a sua! — disse, retirando os redondos óculos de leitura que usava.

 — Margaret... — Lyon repudiava o sorriso debochado da garota. — Khoury, Michiyo, essa é a minha irmãzinha... 

 — Sinto pena de você — disse Michiyo e a menina concordou, disfarçando o riso. — Mas qual é o problema, se odeiam? Família diferente?

 — Acontece que essa garota não aceita que eu tenha treinado para assumir o ginásio do nosso pai porque ele me escolheu!

 — Licença? Escuta aqui, ele só te escolheu porque não viu como eu sou talentosa! Aliás, isso nem importa mais! — Ela começou a lixar suas unhas, rindo.

 — Margaret... O que você fez?!

 — Me chame de Guardiã do Ginásio de Arctic, que tal? — Lyon esboçou indignação ao ouvir isso. — Qual é, você não achou que largaria seu ginásio por uma semana e eu não viria aqui, né?


 — Você tem razão, Michiyo... As brigas de família são bem divertidas de acompanhar, consigo ver a lógica disso — disse Khoury, enquanto Michiyo tinha os olhos brilhando vendo os irmãos discutindo, com a mais nova o batendo com um livro pesado.


 — Sua nanica patricinha mimada! Você não pode assumir o ginásio enquanto eu estiver vivo, sabe disso!

 — Claro que sei, por isso te mando tantos bolinhos! Se colaborasse e comesse, eu já teria assumido...

 — O QUÊ?! VOCÊ TENTOU ME ENVENENAR? — perguntou e a menina alegou que não assumiu nada. — Chega, sai daqui!

 — Sai você! Eu sou dona da biblioteca agora, todos concordaram que você abandonou esse lugar! Sem falar que troquei todos os livros de lugar, coloquei os com as cores mais legais nas primeiras prateleiras! Os outros tão no porão, não gostei deles, principalmente aqueles velhos caindo as folhas...

 — VOCÊ MEXEU NO ACERVO DE ARCTIC?! MARGARET, SUA VAG...

    Antes que pudesse terminar de falar, Lyon é expulso da biblioteca junto com Khoury e Michiyo. A menina o cutucou com o cajado.

 — Então foi assim que se sentiram quando os expulsei do ginásio? Nah, não estou arrependida.

 — Que inferno! — Lyon desmoronou na neve, ajoelhando-se. — Como que eu fui deixar aquela garota fazer isso?


 — Te ver sendo humilhado virou costume, quando foi que se tornou alvo de ódio gratuito? — perguntou uma voz feminina rígida e Lyon a reconheceu, virando-se e vendo Clair montada num Dragonair, uma serpente celestial de escamas azuis, focinho arredondado e um chifre branco e pontudo na testa, além de um par de asas em cada lado da cabeça.



 — Aah! Clair! — exclamou Khoury, empurrando Lyon para não ficar no caminho. — Danke, danke! Eu sou Khoury, estou tentando entrar nos G-Fuel faz tempo! Meu pai era um e estou tão feliz que...

 — Tá, tá... Vamos logo com isso. — Ela interrompeu e jogou um pano preto para Khoury. — Coloque essa venda nos olhos e enfrente meu Pokemon.

 — Grossinha ela — apontou Michiyo, cruzando os braços. Lyon, já de pé, continuava irritado.

 — Essa é a avaliação? — perguntou, recebendo também um bastão de madeira. — Achei que...

 — Os G-Fuel aceitam os trabalhos, não os questionam. — Ela o cortou de novo e Khoury amarrou a venda no rosto, guardando seus óculos e segurando o bastão.

    Clair o guiou até o porto de Arctic, onde teriam espaço suficiente. Ela liberou de uma Ultra Ball um grande Pokemon dracônico de cabeça vermelha e corpo azul, com asas desfiadas saltando das costas. Khoury só ouviu o rugido dele e seus pés batendo no chão.

 — Quê?! Como espera que ele lute com isso só com um bastão e sem enxergar? — interviu Lyon, e Clair o deu uma encarada mortal. — É um Druddigon, esse Pokemon é cruel e indomável!

 — Indomável? Haha! — Clair enxugou uma lágrima em seu riso. — Druddigon, prepare-se para Flamethrower.

    Andando para a frente, Khoury tentava se concentrar em escutar os passos de Druddigon, que o rodeava enquanto abria suas asas para aquecer seu corpo, o que demoraria um pouco pelo sol estar escondido pelas nuvens. O menino golpeava o ar com o bastão, quase caindo.

 — É, ele vai morrer — disse Michiyo.
 

    Clair sorriu quando Druddigon já emitia quentura e se inclinou para cuspir chamas em Khoury, mas pilares de gelo se ergueram na frente do garoto, o protegendo e então derretendo. A G-Fuel arregalou os olhos e viu Lyon com uma mão no coração, tendo Beartic ao lado. Khoury bateu no joelho dele com seu bastão, o fazendo perder o equilíbrio e cair sentado.

 — Acertei? — Khoury tirou a venda, vendo Clair com o rosto vermelho, furiosa.

 — Ele nunca vai precisar lutar sozinho, mesmo nos G-Fuel terá alguma equipe em missões de vida ou morte! — explicou-se Lyon. 

 — Você é um G-Fuel, aonde está sua disciplina?! Passou pelo treinamento, sabe que não pode ajudá-lo!

    Ofendido com a bronca, Lyon recuou com Beartic. Michiyo continuava atenta, segurando firme no cajado. Para a próxima prova, Clair empurrou Khoury na água congelante do mar, falando que ele deveria nadar pelo menos 10 metros e voltar ao porto.

 — Ma-mas... tá tã-tão fri-frioo! — O garoto tremia e Clair, agasalhada e tomando chocolate quente, sentou-se para assistir.


 — Seu problema é falar demais e não agir. Quer entrar para os G-Fuel? Precisa encarar seus desafios. Estamos rodeados por água não importa aonde formos em Argentia, ou você nada bem, ou você tá fora.


 — É loucura, nem eu aguento esse frio!! — Lyon tentou correr até o garoto, mas Clair o encarou de novo.

    Nadando, Khoury mal enxergava sem seus óculos e o frio começava a paralisá-lo, então precisava de um plano. Foi quando viu um Cryogonal flutuando por cima dele e agarrou-se nele para terminar o percurso e voltar ao porto.


    Desconfiada, Clair olhou para Lyon, que assoviava olhando para o céu. Quando ela parou de olhar, ele regressou o Cryogonal para dentro da Pokeball dele.

 — Te achei! — Michiyo afasta arbustos cobertos de neve, mas era só um Snom rastejando. — Droga...

 — Bem — disse Clair, caminhando com as mãos para trás e sendo seguida por Dragonair. Khoury secava-se enquanto Darmanitan o esquentava. — Você encontrou... meios de resolver seus desafios. Mas um G-Fuel, para proteger os outros, precisa saber se proteger em primeiro lugar. Consegue entender?

 — Eu consigo!

 — Ótimo... Por isso, sua última prova será vencer meu Dragonair em batalha. Saiba que ele é meu Pokemon mais treinado e não é tão simpático como parece... — Ela sorriu intimidadora.

 — Só uma luta? Então tudo bem, podemos vencer — disse, pegando a Pokeball de Weavile.


    Clair riu, montando em Dragonair e balançando as pernas no ar enquanto a serpente voava. As três orbes de Dragonair, uma no pescoço e as outras duas na cauda, iluminaram-se, parecendo guardar uma energia mística dentro delas. Majestoso, o Pokemon gritou melodiosamente e a neve cessou por cima do porto, dando lugar para nuvens negras de tempestade.


    Os navios em alto mar ouviram trovoadas, não entendendo o que acontecia. Foi quando o capitão deixou o leme para gritar que tratava-se do lendário Dragonair que podia virar um navio inteiro se quisesse, por isso começavam a rezar para ele não os punir pelos seus pecados.


 — Se Dragonite em ação assusta qualquer um, Dragonair não é tão diferente... Um Pokemon lendário que controla o clima! — Ele sentia os ventos mais intensos, regressando seu Darmanitan e liberando Weavile.


    Um imenso ciclone formou-se ao redor de Khoury, expandindo-se para não deixá-lo fugir de Dragonair. Lyon já ia intervir, mas Druddigon o pegou pela capa, lambendo os beiços em chamas para ameaçá-lo caso tentasse algo.



 — Vá pegá-lo, Dragonair! — comandou Clair e sua serpente a elevou num furacão menor para que assistisse o combate do alto. Em seguida, disparou na direção de Weavile.


 — Nossa motivação nos trouxe até aqui, vamos honrar o legado do papai! — Ele estendeu o braço direito, levando a mão esquerda até o coração. Atrás de si, o cenário cristalizava-se e Clair levantou uma sobrancelha.

    Weavile cravou as unhas no gelo e saltou para perto de Khoury, que entrelaçou as mãos com ele. O frio os unia, aquela sensação que tanto estavam acostumados... Por dentro de sua camisa, o colar do Olho de Kanaloa também iluminava-se sem que ele notasse. 


    Khoury entregou seu frio para Weavile, sentindo-se mais cansado, mas era como ativavam a Blizzard Form. Ao se afastarem, um coração de gelo formou-se entre os dois e Weavile cobriu-se com ele, até afastar as duas metades, revelando seu corpo cristalizado e uma plataforma abaixo de seus pés, a usando para investir contra Dragonair.

 — O que é esse poder? — perguntou Clair, assustada com Weavile arranhando Dragonair, sendo tão rápido quanto ele.

 — Não tenho um conceito exato para defini-lo, mas deixa o Weavile com força total. — Saía fumacinha de sua boca pelo frio que sentia.

 — Isso não muda que somos mais fortes! Dragonair, Outrage! — comandou, esticando o braço junto de sua capa de escamas de dragão.

    Domando os ventos para empurrarem Weavile, Dragonair prolongou suas asas e remexeu o corpo, criando um fluxo de energia ao seu redor. Seus olhos se avermelharam-se e a melodia que reproduzia tornou-se tensa e repleta de fúria.

 — Meu primo Lance não é o único que conseguiu domar o poder supremo dos dragões — disse Clair, fitando Khoury do alto. O menino estava impressionado com a velocidade que Dragonair combatia Weavile agora, o golpeando com a cauda e disparando sua energia nele.


    Sendo furado no ombro pelo chifre de Dragonair, Weavile recua e molda o gelo num curativo de formato de flor. Khoury volta a comandar e ele prolonga suas garras, prendendo Dragonair entre elas e começando a cristalizar seu corpo.

 — Não vai funcionar! Continue, Dragonair!

    Mantendo sua fúria, Dragonair abocanha o gelo e o energiza até explodir em vários cacos, voltando a voar. Trovoadas aconteciam pelo ciclone, que diminuía o campo cada vez mais.

 — Se nos livrarmos disso... — pensava Khoury, analisando o ciclone de Dragonair e tendo consciência do poder dele sobre o clima.


    Descargas elétricas caíram por cima de Weavile quando ele ia acertar um soco em Dragonair, o deixando paralisado e de joelhos. Clair comandou para Dragonair manter-se atacado e ele só aumentou a fúria, chicoteando seu oponente com rispidez.


 — Saquei! — Khoury sentia a dor de Weavile, ajoelhado. Ele fecha os olhos e se concentra, dando o comando mentalmente ao Pokemon.

    Weavile agarrou-se na cauda de Dragonair, que tentou se livrar dele, voando. Assim, pegou impulso e lançou-se na concentração de ventos, desaparecendo.

 — Isso é suicídio! — gritou Clair, boquiaberta. Ela viu Khoury esboçando dor, mas sorrindo.

    De repente, as orbes de Dragonair pararam de brilhar e ele perdeu o controle do ciclone, que cristalizava-se por completo, permitindo Michiyo e Lyon enxergarem o que acontecia. 


 — Surpreendente... — Clair olhou de canto para Khoury, que respirava ofegante. — Mas... — E estala os dedos, fazendo Dragonair subir e investir contra o gelo, rompendo-o por inteiro e derrubando Weavile, que colide com o chão.

 — Aargh! — A dor de Khoury aumenta enquanto Weavile tentava se levantar. — Podemos continuar...

 — Haha! Dragonair, finalize! — comandou, mas seu telefone vibrou. Ela desbloqueou a tela e leu uma mensagem, arregalando os olhos. Dragonair desfez seu redemoinho, a trazendo de volta ao chão. — Esquece, garoto. Tenho que ir embora.


 — O quê?! Mas não acabamos! — Ele reclamou, se levantando com Weavile.

 — Sim, acabamos. Estão precisando de mim, tenho que ir. Não se desespere, seu resultado não sai hoje — disse, retornando Druddigon que enxergava Lyon como um pedaço de carne para seu almoço.

 — Eu fui... Pelo menos bem? — perguntou. Clair o olhou com indiferença, mas respondeu.

 — Você não é um covarde como seu amigo, isso já vale algo — referia-se a Lyon, que respirou fundo antes de falar.

 — Clair, você realmente está satisfeita com esse trabalho? — perguntou em tom sério. Clair não se virou para vê-lo. — Se o Laxus tivesse razão ao desistir... 

    Abrindo a boca, Clair quase pronunciou algo, mas a fechou logo. Dragonair se aproximou dela e ela o montou, partindo dali. Vendo Khoury com o olhar caído, Lyon encostou no ombro dele, mas o menino o afastou.

 — Por que me ajudou na avaliação? Você passou pelo mesmo processo que eu! Qual é o problema?

 — Khoury, eu só... Não queria que você se machucasse — disse, dando um passo para trás. — Mas você foi super bem...

    Deixando Lyon de lado, Khoury vai ajudar Weavile, mas sente falta de Michiyo. A menina havia se afastado deles e caminhava com seu cajado na direção da parte residencial, parando perto da casa de Lyon.


 — Sem mais joguinhos! Pode aparecer, eu sei que está me seguindo! — gritou ela, vendo pinheiros se balançarem. E dessa vez não era um Snom.


    Revelando-se, era Brycen, o G-Fuel de nível Especialista. Michiyo confirmou não estava errada e partiu para cima dele com raiva, não o deixando nem pensar em falar. Ela tenta o acertar com o cajado algumas vezes, mas ele desvia de todas, passando a mão por baixo do braço direito dela e a virando no chão, tomando seu cajado.

 — Life Modification! — gritou, e seu cajado começou a brilhar, desabrochando num arco florido. Brycen o soltou no susto e ela o pegou, tentando dar uma rasteira. 

    Brycen saltou bem na hora e tentou a acertar com a lateral da mão, mas ela usou o arco para proteger-se. Ele continuou tentando e ela foi girando o arco, recuando ofegante. O homem partiu para cima dela, mas a menina revelou Snubbull de uma Pokeball, mordendo a mão dele.

 — Eu não sou inimigo... — disse Brycen, livrando-se de Snubbull com a mão marcada.

 — Não sabe quantas vezes já ouvi isso. — Ela conseguiu tempo para se afastar e mirar. — Shooting Life! — Voltou a gritar, formando uma flecha reluzente e colorida. Ela dispara contra Brycen, que se esquiva com facilidade, 

    A flecha atinge o capô do carro de Lyon, o enraizando com flores. Em seguida, ele desaparece, restando apenas uma flor vermelha na garagem.

 — Meu carrinho!!! — Os dois ouviram a voz de Lyon, mas não pararam de se encarar. — O que você fez com o meu carro?!


 — Eu encontrei quem estava me seguindo! — exclamou, apontando outra flecha para Brycen.

 — Tinha mesmo alguém?! — Khoury ajeitou os óculos.

 — Ele não é mau, é um G-Fuel como eu, se chama Brycen — disse Lyon, levando uma mão até a testa. Beartic caminhou até onde deveria estar o carro, pensando que ficou invisível. — Meu carrinho... O que isso custou? O que mais vai acontecer hoje? Já tá sendo o pior dia de todos...

 — Um G-Fuel, eh? Mas o que quer comigo? — perguntou, abaixando o arco e desfazendo a flecha.

 — Com você, nada... Mas trago informações — disse, e Lyon parou de choramingar pelo carro. Khoury esforçou-se para prestar atenção. — Ontem, Lance reuniu uma equipe para uma missão importante...

    Contando sobre o confronto com Vel, Brycen deixa todo o grupo aflito, ainda mais por desconhecerem o paradeiro de Raihan e Duraludon.

 — Lyon, você não sabia dessa missão? Por que o Lance não te comunicaria? — perguntou, e Lyon negou com a cabeça, ainda processando o que ouviu. Michiyo o olhou desconfiada.


 — Aquelas Criaturas Douradas são chamadas de Break. Se não conseguimos dar conta de um único e temos relatos de outros... O que sei é que chegou a hora de agir de verdade. — concluiu Brycen.

    Sua irmã, os G-Fuel, Khoury, seu carro e agora isso... Lyon sentia que explodiria. Não se sentiu capaz de visitar o terapeuta hoje, o enviando uma mensagem para cancelar a sessão.


    Recebendo a mensagem com a explicação, Dr.Yung bloqueia a tela de seu celular e se levanta de sua cadeira de fibra.

Continua

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Você desbloqueou atualizações nas páginas de Lyon e Michiyo, além de liberar a página de Margaret, na Wiki. Também atualizou o menu dos G-Fuel.