domingo, 15 de agosto de 2021

Capítulo 22

     Quando a menina Tessa viu sua família em necessidade e sua avó enfraquecendo cada vez mais, ela decidiu partir com seu Spewpa para a Kodama Forest, onde estava procurando pela Leavanny Tecelã. Seu plano era capturá-la e com a ajuda dela, aprimorar suas técnicas de tecer e faturar com tecidos de melhor qualidade, mas acabou encontrando um santuário secreto.


    Junto da Campeã Diana, Tessa testemunhou a ilusão de um ser Elemental em forma humana, que a entregou um colar em formato da Teia da Vida, o Olho de Kanaloa, com um pedaço de cristal rúnico dentro. Mas um elemento surpresa surgiu.


 — É... E nem precisei me esforçar para procurar. Agora me entreguem o cristal, ladies — disse H.R., na porta do templo, com um card dourado entre os dedos. Diana e Tessa viraram-se para vê-lo, surpresas. — Hehe...


 — Como entrou aqui?! — Diana estendeu um braço para a frente de Tessa, tentando protegê-la.

 — Eu não gosto de pessoas que perguntam muito... — Ele pega uma Pokeball dourada de seu bolso e Diana reconhece o que iria acontecer.


    Antes que H.R. pudesse liberar seu Break Pokemon, o Ampharos de Diana tenta acertá-lo com um soco eletrizante, mas ele consegue se esquivar saltando para fora do templo. A Campeã, Tessa, Spewpa e o Pokemon do pano também deixam o templo, não podiam deixar que ele danificasse aquele lugar ou pegasse o cristal.

 — Vamos pelo jeito difícil, eh? — Dando um empurrão em Ampharos, ele arremessa a Pokeball. Esta se abre num intenso clarão dourado, obrigando Diana e Tessa a cobrirem os olhos.


    Um enorme Pokemon bípede com uma carapaça dourada nas costas, de onde saíam vários espinhos, se ergue no local sagrado. Ele leva as mãos até a cabeça e ruge, disparando espinhos contra as duas.

 — Aquele Chesnaught está sofrendo tanto... Ampharos, Discharge — pediu Diana, com as duas mãos no coração.

    Ampharos bateu palmas e balançou sua cauda, deixando-a brilhante. Ele abriu os braços e liberou ondas elétricas que pulverizam os espinhos.

 — Forte... Não esperava menos da Campeã de Argentia — disse H.R., sorrindo mais. — Mas quer ter chance contra um Break? Nem nos seus sonhos!


 — Break?! O que é esse monstro? — perguntou Tessa, agarrando-se em Diana.

 — Tessa, escute... Saia daqui o mais rápido possível, deixe que eu resolvo isso — pediu, encostando nos ombros da garota. — Proteja seu colar a todo custo, um pedaço do cristal rúnico está nele. Entendeu?

 — Mas Diana...

 — Entendeu?! — Ela elevou a voz e Tessa assentiu.


 — Qual é o problema, Campeã? Está com medinho?! — Provocava, e Diana voltou-se ao combate. Ele deu alguns petelecos em seu card. — Break Lash!


    Chesnaught saltou para a frente de Ampharos e seus espinhos desceram para dentro da carapaça, dando lugar a vinhas douradas que chicotearam o Pokemon.

 — Agarre-as e Discharge! — mandou. Seus olhos mexiam rápido, ela pensava em todas as oportunidades que tinha na batalha.


    Enviando eletricidade através dos cipós, Ampharos reduzia a velocidade do Break Pokemon, mas ele continuava a andar e rosnar. H.R. levantou uma sobrancelha, vendo que o Pokemon de Diana não cansava.

 — Mantenha as chicotadas! — Ele continuava a dar petelecos no card.

 — Aaai! — Com o impacto dos golpes dos Pokemon, ondas da energia liberta percorriam o local. Tessa foi atingida e caiu na grama com Spewpa nos braços. 

 — Kyuu! — O Pokemon do pano rastejou até ela, com as garras fantasmagóricas escapando para tentar ajudá-la a levantar, mas antes de encostá-la, hesitou e as recolheu.

 — Temos que dar um jeito de fugir... — Ela tentava pensar em algo, pegando a agulha dourada que sua avó a presenteou. — É isso!

    Chesnaught continuava atacando Ampharos, agora com os braços, mas o Pokemon de Diana tinha força o suficiente para neutralizar seus golpes. Tessa levantou, olhou para o tempo e respirou fundo, correndo na direção da batalha.


 — Spewpa, vamos tecer uma corda! — exclamou para o inseto em seu ombro.


 — Pewpa! — Ele saltou do ombro de Tessa e começou a cuspir seda na direção das pernas de Chesnaught. H.R. não deu atenção, achando que aquele pequenino Pokemon não poderia fazer nada.

 — Ha!! — Ela costurava rapidamente com a agulha e a seda, correndo ao redor de Chesnaught. Diana a encarou de longe, entendendo o que ela estava fazendo.


    De longe, o Pokemon do pano liberou sua garra fantasmagórica, acenando para Chesnaught, que virou-se na direção dele. Ampharos correu e o Break decidiu segui-lo, mas...


    Liberando seus esporos, Spewpa saltou em Chesnaught, que fechou os olhos e tropeçou. H.R. percebeu amarras de seda em suas pernas, cerrando os punhos, também vendo Tessa pegar o inseto no ar e correr com ele e o outro Pokemon para o meio das árvores.


    Reflexiva, Diana esperou a menina afastar-se e fitou Ampharos, que virou-se para ela. H.R. a encarou duvidoso e ela começou a arregaçar as mangas de seu vestido.

 — Olha só... — Ele sorriu sacana ao ver a mulher tirando o vestido. — Você é uma linda mulher, mas meu tempo agora não é pra isso, por mais tentador que seja.

 — Você é tão estúpido — disse, revelando várias tatuagens de símbolos incomuns para H.R. em seus braços. O homem força a vista, tentando identificá-los.

 — Glifos...?

 — Meu dever é proteger as runas — disse Diana, e as tatuagens acendiam-se. — Victini, ajude-me!!

    H.R. arregalou os olhos, esperando que algo acontecesse quando Diana abriu os braços, mas nada mudou.

 — O quê... — Ela virou-se para o templo, confusa.

 — Está pirada? Haha!! Chesnaught, Break Lash!

    Chesnaught voltou a prolongar seus cipós, obrigando Diana a tomar uma decisão rápida. Ela segurou no colar de seu pescoço, que começou a brilhar em feixes coloridos que se uniram com Ampharos.


    Pelos brancos sedosos começaram a crescer no corpo de Ampharos, cobrindo sua cabeça e sua cauda. Novas lâmpadas vermelhas surgiram e o Pokemon balançou o corpo, liberando faíscas que bloquearam os cipós.



    Correndo pela floresta com os Pokemon, Tessa soluçava chorando, com medo de tudo que presenciou e sentindo-se mais perdida do que antes. Sem ver por onde anda, tropeça e cai, ralando os joelhos. Spewpa se desespera em ver a menina no chão e o Pokemon do pano mais uma vez ergue sua mão fantasmagórica, mas a recua ao aproximar de Tessa.

 — Spew! — disse Spewpa para o Pokemon, incentivando-o. Mesmo com medo, ele segurou no braço da garota, a levantando.


 — Mimikyu... É o seu nome? Estou sentindo... — perguntou, ainda segurando na mão do Pokemon, que estava impressionado por ter conseguido. — Danke, Mimikyu!

 — Speww! Pewpaaa!! — gritou Spewpa, amarrando seda no braço de Tessa, a chamando atenção para algo que a faz levar as mãos até a boca.


    Uma gigantesca teia presa nos troncos de duas árvores próximas. Tessa olhou para o cordão em seu pescoço, comparando o símbolo dele e vendo que era o mesmo. Enfim ela estava ali... Encontrou a Teia da Vida!

 — Nona... — Ela lembrou-se, a Teia da Vida tecida pelo Ariados marcava a entrada do Ateliê da Leavanny Tecelã. — Spewpa, Mimikyu, vamos juntos!


    Passando pela teia, Tessa encantou-se com o que viu. Para além daquelas árvores todas havia um campo com grandes cogumelos vermelhos por cima de pedregulhos que escorriam águas lentas e singelas para um lago. O musgo verde, as flores brancas e laranjas, era tudo mais lindo do que ela jamais poderia imaginar, nem conseguiria descrever caso a perguntassem. Ali, o verde realmente predominava, era puro e parecia até melodioso.


    Radiante e elegante, Tessa engoliu seco ao avistar a Leavanny dançando com seus pés pontudos. Ela emendava seda visivelmente de ótima qualidade até para quem não entendia do assunto, e sua dança fazia os fios entrelaçarem-se, dando voltas e voltas até encontrarem-se em outros pontos. Cortava e costurava com tanta facilidade que a menina aproximou-se ainda boquiaberta.


    Uma casinha de madeira era vista atrás de Leavanny, provavelmente este era seu ateliê. Ela costurava alguns enfeites para diversos Pokemon da floresta, tão encantadora que os Volbeat esqueciam suas Illumise para iluminarem ela.


 — Leavanny... É mesmo você! — disse, abraçando a Pokemon, que se assusta e recua. Percebendo o que fez, Tessa curva-se com as mãos juntas, desculpando-se. — Perdão, perdão!! É que procurei tanto por você...

 — Kyuuu! — Mimikyu se rasteja até Leavanny, que o acaricia a cabeça. Tessa percebe que eles já se conheciam, sorrindo.

 — Minha família está precisando de dinheiro ou vamos ficar sem onde morar ou o que comer... Você talvez se lembre da minha nona, Thea Arach... — Ela mostra uma foto de sua avó e Leavanny aproxima o rosto para vê-la.


 — Leava... — Leavanny entristeceu o olhar, vendo como Thea estava cansada e velha. 

 — Ela me ensinou a tecer... Me contou como você a treinou, como ela te encontrou! Meus pais não acreditam que eu posso ajudar vendendo tecidos, mas sei que consigo se eu tecer melhor! Então eu vim procurá-la, Leavanny. Por favor, me ajude! 

 — Leaaa... — Leavanny parece pensativa, mas segura na mão de Tessa, sorrindo. A menina pega sua agulha dourada e a Pokemon brilha os olhos como se a reconhecesse, deixando cair uma lágrima.

 — Uh... Isso era seu? — perguntou, e Leavanny segurou na agulha, mas a devolveu para Tessa.

    Sentadas num tronco de árvore, Tessa e Leavanny se dedicaram a tecer. A Pokemon a ensinava técnicas, mostrava para Spewpa como ser mais delicado e firme ao mesmo tempo, apresentava tintas naturais... Horas passaram-se, a noite chegou e a menina levantou-se sorrindo.

 — Leavanny! Vamos lutar! Eu quero capturá-la para que passe um tempo comigo, me ajudando... Por favor! — Ela estendeu uma Pokeball para Leavanny, que negou com a cabeça e abaixou a esfera.


    Segurando na mão de Tessa, ela decide ir voluntariamente. Mimikyu também se aproxima com Spewpa. Tessa, sentindo que concluiu sua missão, agradeceu e deixaram o ateliê para trás.
    Enquanto isso, no Santuário do Fogo, Diana e H.R. haviam continuado a lutar por horas. Ambos estavam cansados de comandar, mas continuavam firmes.


    Desviando de espinhos dourados, Ampharos cambaleou para trás, arfando. Ele fez sua pelagem balançar e projetou um raio, segurando-o e o cravando na carapaça de Chesnaught, perfurando-a e fazendo o Break cair, derramando um líquido dourado.

 — Chega disso, eu não quero machucá-lo mais ainda! — gritou Diana, mas H.R. não daria ouvidos.


 — Ele é um Break! Nunca irá parar, não importa o quão machucado estiver! — bradou, erguendo o card dourado. Chesnaught brilhou os olhos e rugiu, levantando-se e correndo na direção de Ampharos.

    Com um soco no estômago, Chesnaught fez Ampharos cuspir sangue, ajoelhando-se. Em seguida, arrancou um de seus espinhos para cravar nele, mas Diana regressou o Pokemon, ajoelhando-se cansada. Sua energia inteira havia sido consumida naquele combate.

 — As runas... — Ela pegou outra Pokeball, mas via as tatuagens em seu braço brilhando muito fracas. Antes que pudesse liberar outro Pokemon, Chesnaught a prendeu com vinhas douradas na parede do santuário.

 — Urgh, finalmente... — H.R. adentra o templo, ignorando os gritos de Diana, que tentava se soltar a todo custo. — Vem pro papai!

    Quando encostou no cristal vermelho caído no centro do templo, H.R. aumentou seu sorriso. O símbolo do Olho de Kanaloa no chão iluminou-se e as tochas acenderam-se com mais força. Ele arregala os olhos por um instante, ainda com o cristal em mãos.


 — Victini te trouxe aqui porque sentiu algo em você... Uma determinação, raiva... Sede de luta. Resista ao chamado das runas! — gritou Diana, do lado de fora do templo.

 — Quem é... Quem é você para se achar digna de proteger tanto poder? — perguntou H.R., saindo do templo com o cristal em mãos e a encarando.

 — Pode não confiar em mim, mas sou forte o suficiente para não renunciar.

 — Tsc. É só uma imbecil egoísta. Mas eu vou levar essa belezinha comigo. — Ele guardou o cristal em sua bolsa retangular, regressando Chesnaught e deixando aquele lugar. Diana olhou para o templo, entristecida.



   Saindo da Kodama Forest, Tessa correu todo o caminho da Silver Village até sua casa, mas parou ao ver de longe dois homens segurando uma maca na porta, onde sua mãe chorava abraçada em seu pai.


 — Não... — Ela lembrou de sua avó, dando um passo para trás, mas os Pokemon estavam ali do lado dela. Então, deu a volta na casa e entrou pela janela de seu quarto junto com eles.

    Correndo até o quarto da avó, encontrando a senhora deitada na cama dela, parecendo respirar com dificuldades. Ribombee voava ao lado, com uma almofada de pólen cobrindo seus olhos, chorando.

 — Nona, nona! Eu voltei, eu encontrei a Leavanny! — exclamou, ajoelhando-se ao lado da cama, e a velhinha abriu os olhos.

 — Leaaava! — Leavanny encostou na mão de Thea, que sorriu e lacrimejou.

 — Leavanny... Que bom revê-la, minha mestre — disse, tossindo em seguida. Leavanny recuou, entristecida. — Tessa, você conseguiu...

 — Tudo que eu precisava... Era de uma agulha e um fio de seda, eu sei disso — disse, enxugando seu rosto. Thea continuava sorrindo. — Mas do que adianta se a senhora não estiver mais aqui, nona?

 — Vá embora, Tessa... Os planos de Ariados na Teia da Vida são imensos para você, mas não mais pra mim. Já cumpri meu destino, agora precisa seguir o seu.

 — Nona!! — Não controlando o choro, ela sente sua avó soltar sua mão.


 — Vá... Minha Tessa — disse Thea, agora fechando os olhos. Tessa levantou com as mãos na boca e os olhos apertados. 

 — Pewpa...

    Deixando aquela casa, Tessa, Leavanny, Spewpa e Mimikyu correram para longe do vilarejo, sem olhar para trás. Ela ainda chorava, mas sabia que precisava encontrar a força que precisava para salvar sua família, e não seria parada naquele vilarejo que faria isso.

"Tecer significa despertar e mesclar nossas experiências de vida para criar um padrão individual, único, que vai diferenciar cada pessoa entre todos os seres do nosso mundo."


    Já livre, Diana deixava o santuário, com seu vestido cobrindo todas as tatuagens.

"Quando se permite uma nova experiência interagir com a vida, quando não tememos transformações, transformamos padrões pessoais mais complexos e assim aprimoramos o padrão coletivo."


    H.R. voltava para para o Q.G. Turbo, com a bolsa em mãos.

"Nos tornamos parte da grande Teia da Vida, participando da criação do nosso próprio destino individual e coletivo."


Continua





 — Você não tem que querer nada! Por que não enfia isso na sua cabeça? Não é hora de se revoltar! A vida é essa, não dá para fazer o que quer... — Engrossou a voz e desviou o olhar, até ouvirem o barulho de passos na escada.

    Annie se jogou atrás do sofá com medo e Infi se preparou para atacar, mas era só H.R., com seu manto surrado. Percebendo que Vel e Rebecca discutiam, ele solta sua mochila do alto da escada.

 — Todos os dados que queria estão na mochila. Acabei de chegar daquela Ilha calorenta e não estou afim de ouvir a voz de vocês. Céus, aquela floresta não colaborou comigo... Um homem deveria saber!


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2 comentários:

  1. Velha =( tadinha tive pena dela mas pelo menos seu ultimo momento de vida foi ver a Tessa com a Leavanny lendária, então acho que foi feliz...
    O capítulo foi bem intenso, gostei da luta bem violenta, não era mesmo um combate Pokémon normal, mas fiquei pensando no que a Diana disse ao HR antes dele entrar no templo e levar o cristal... aquele corte naquela altura me leva a pensar que teve mais algo ali apesar de você ter dito que ele ia deixar o local, não sei fiquei com a impressão que não deixou logo, mas pode ser só da minha cabeça por a Diana aparecer depois livre...
    Diana também se mostrou muito misteriosa com tudo aquilo de saber renunciar às runas, estou mesmo curiosa sobre isto... also o Victini o ter deixado entrar ali me intriga, será que o precisam é apenas de um sentimento forte que não precisa ser bom? Tecnicamente a raiva pode ser pura também, então talvez não haja distinção, então pureza tanto pode ser paixão, ou esperança como ódio e mágoa... mas vamos ver, estou amando o plot
    O Pokémon do pano é o nome mais fofo <3 adorei mesmo este capítulo, estes dois foram mesmo muito bons e apresentaram bem a Tessa como personagem e ainda exploramos mais um pouco da Diana... amei!

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  2. Fiquei com pena da vó da Tessa, era uma senhorinha de um coração tão bom. Tivemos um capitulo bem intenso como a Katie falou, tivemos uma batalha violenta e com direito a sangue. Sobre a Diana e o Victini eu faço das palavras da Katie as minhas. Esse capitulo e o anterior foram muito bons e gostei bastante da Tessa. Estou bem ansioso pelos próximos capitulos, continuaaa o/

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