quarta-feira, 7 de abril de 2021

Capítulo 15

    Numa grande sala de paredes cinzentas no subterrâneo de uma cidade, o homem alto dos cabelos vermelhos que se identificava como Vel estava inquieto, andando com as mãos para trás em círculos. Haviam bancadas com líquidos dourados derramados pingando no chão, sofás com o couro desfiado, quadros de giz nas paredes e montes de papéis por todos os cantos.
    A ex Dasher Annie, com o card de Break Raichu preso numa corrente em sua cintura, estava deitada num dos sofás e tinha a perna direita sobre a esquerda tremulante. Folheava uma magazine sobre o Mundial de Pokemon Dash e se divertia sussurrando comentários maldosos de todos os participantes que via.


 — Estou começando a achar que foi um erro tê-la convidado — disse Vel, e Annie revirou os olhos, cuspindo um chiclete no chão. — Você não encontrou nada em Wind City e...

 — Não encontrei porque não tinha nada, sabe muito bem disso. — Sem medo, cortou a fala de seu superior. — O que tanto te atormenta? Seu mau humor está pior do que sempre! Quase tão ruim quanto o cheiro desse lugar...

 — H.R. não retornou ainda da missão dele — resmungou, chutando uma pilha de papéis. Materializando-se na sala num clarão dourado, Infi, sua secretária tecnológica, passou a arrumar tudo.


 — Então aí está seu problema... Seu amorzinho não voltou, é? — Provocou. Agora além dos cabelos, Vel também tinha o rosto vermelho de raiva. — Estou só brincando, mas qual é a pressa, homem?

 — Os Elementais, óbvio! — Bateu com as mãos na bancada, derrubando um frasco. — Nós só tínhamos duas pistas e uma estava errada. Se a de H.R. também estiver...

    Retirando o colar de dentro de sua blusa, Vel o apertou e pesou o olhar. Annie jogou as mãos para trás da cabeça e sorriu.

 — Aaargh! — Ele bateu mais vezes na bancada. — Rebecca!!

 — O que foi, pai? — perguntou sua filha, que desceu escadas barulhentas com pressa.

 — É sua culpa também! Você faz tudo com má vontade, está sempre questionando minhas decisões...

 — Seu pai tá chato hoje, liga não — exclamou Annie.

 — Você... Você precisa de uma missão com resultados para hoje! Já que H.R. não está aqui, vai assumir o lugar dele. Eu quero que vá até...

"O Museu de Tecnologias Ivan Dreyar!!"

    Rebecca ouvia uma voz robótica exclamar continuamente. Nesse momento ela estava em Technolt City, uma cidade completamente tecnológica no oeste dos Alpes de Blizzfalt. Seu pai a passou uma missão simples a ser feita naquele museu.

 — Vamos testar... — Pensava a menina, abrindo uma caixinha dourada que seu pai a presenteou. Dentro havia um óculos com lentes sem grau. Ela os coloca e vários dados preenchem seu campo de visão, mapeando toda a área.

 — Bip! Você vai participar do tour? — Rebecca espantou-se quando viu um robô com um grande sorriso desenhando a perguntando. — Vai?

 — E-Eu vou, sim — confirmou, e o os olhos do robô emitiram um flash, fotografando o rosto de Rebecca.

    Acompanhando um grupo de pessoas, Rebecca viu o robô cuspir um cartão que ativou a entrada do museu. Ela agora reparava na estrutura de metal do museu, com seus vários andares tendo janelões de vidro. Não havia uma sujeira visível, o branco da pintura reluzia com o sol e as nuvens espelhavam-se nos vidros.

"Você deve entrar no Museu como uma turista e roubar uma nanotecnologia. Os laboratórios mais avançados de Argentia estão aí, lá desenvolveram algo que eu quero muito..."
"Para quê? Como vou fazer isso?"
"Não questione! Você vai fazer e pronto! Vá para lá e abra a caixa quando estiver na frente do Museu! Agora!"



    Ainda junto do grupo, Rebecca já estava dentro do Museu. Ela lembrava-se da fala de seu pai, ele nem mesmo explicou a razão de a ter enviado ali. Se fosse para H.R., teria explicado... Ou mesmo Annie, a novata que já tinha mais credibilidade e não ficava calada. Mas não tinha problemas, ela faria o que foi mandado.

 — Bip! Bop! Bip! — O robô fazia sons enquanto suas rodas deslizavam pelo piso lustrado. — Os laboratórios que Ivan Dreyar trabalhou para modernizar Technolt foram compilados em um só lugar. E vocês estão nele nesse momento! Eu, ID156, serei o Guia. Apresentarei os principais projetos originais do meu Criador.

    Alheia da apresentação do robô, Rebecca continuava usando os óculos que traçavam rotas dentro do Museu em sua visão. Um ponto vermelho em um dos caminhos surgiu e ali estava o local que ela precisava ir para completar a missão.


 — O que está achando disso? — perguntou baixinho uma voz masculina para Rebecca, que deu um leve pulinho com o susto. Ela olhou para o rosto do homem ao seu lado, vendo seus curtos dreads vermelhos com laterais raspadas. Ele sorriu gentilmente.

 — E-Eu... Acho ótimo, isso, acho maravilhoso! — Tentou disfarçar, retirando os óculos rapidamente. O homem levantou uma de suas finas sobrancelhas e colocou as mãos na cintura.

 — Concordo com você — respondeu, ficando a encará-la. Rebecca não moveu um músculo, desconcertada. — Mas me diga, qual é a razão de estar aqui se não quer fazer isso? Algum projeto de escola?

 — O-Oi? Do que está falando? — O grupo de pessoas se afastava seguindo o robô, deixando os dois de frente para uma tela que passava um vídeo do mesmo robô falando as mesmas coisas.

 — Sou Romelio, um Aventureiro! Aprendi nas minhas aventuras a identificar quando alguém não está confortável!

 — Bem, eu sou Rebecca, uma visitante comum do Museu. Só isso — respondeu, mas o homem não pareceu acreditar. — Meu pai me obrigou...


 — Isso é uma resposta mais adequada — respondeu Romelio. O lenço branco amarrado em seu pescoço balançou quando ele ajeitou a postura. — Você deveria fazer só o que gosta.

 — Se ele pediu, eu tenho que obedecer. É o meu pai, são as regras.

 — A melhor coisa a se fazer na vida é o que gosta sem seguir ordens. Nesse momento estou com vontade de sair do tour guiado e descobrir por mim mesmo! O que me diz? Também quer isso? Quer uma aventura?


    Ficando um pouco reflexiva, Rebecca segurou na mão de Romelio, que a arrastou consigo pelos cantos do primeiro andar do museu. Eles viram um cercado com diversos eletrônicos para os Pokemon Rotom entrarem. Essa espécie de plasma foi descoberta pelo Ivan em uma de suas pesquisas, era o que informava um Tablet.
    Rebecca encantou-se com tecnologias interativas num corredor só para isso! Havia uma mesa alta com uma tela embutida, onde podia ampliar, reduzir, mover, acrescentar o que quisesse nas projeções da sala.

 — Não tem nenhum manual? — perguntou para Romelio, que coçava o queixo. Seu longo sobretudo cinza arrastava no chão da sala e incrivelmente não sujava.

 — Não mesmo! Você toma as suas próprias decisões aqui!


 — Minhas... próprias decisões? — Com os olhos brilhantes, Rebecca tocou na tela, começando a mudar a decoração do ambiente. Ela se divertia alterando tudo e Romelio gritava empolgado com cada mudança.

    A seguir, subiram para o segundo andar, vendo o primeiro console de jogos sem fios, também criado por Ivan Dreyar. Claro que tinham mais de suas criações que trouxeram melhorias para a cidade, com muitos detalhes, mas os dois gostaram mais do console e foram testar um jogo de luta chamado "Chromatica", onde escolheram seus personagens, um Mr.Rime e um Piplup.


    Sentindo um cheiro delicioso, Romelio e Rebecca deixaram o jogo e foram conhecer o Restaurante do Museu. Todos os cozinheiros eram robôs idênticos de terno e os pedidos eram feitos por telas nas mesas redondas. Os bancos eram forrados e lembravam naves espaciais. 

 — Isso é incrível! Eu nem acredito que estou me divertindo nesse lugar! — exclamou Rebecca, vendo os pratos do restaurante. — Que sensação confortável...

 — É ótima, não é? Sabe, eu não tenho dinheiro algum. Quero me aventurar por muitos lugares, detesto ficar em um só! Vim aqui porque eu quis, é disso que gosto.

 — Sei lá, ninguém nunca apontou o dedo na sua cara e te fez pensar que pode perder tudo que tem se não obedecer? — perguntou sem olhar nos olhos de Romelio.

 — Já. Mas isso foi minha motivação! Uma aventura só é uma aventura se você realmente quiser que seja! 


 — Haha... Como consegue tanta motivação?

 — Aprendi nas aventuras! — Cada vez que ele repetia "aventura", seus olhos pareciam brilhar mais. Rebecca riu baixinho, achando graça.

    No fundo do restaurante, um casal deixava de cantar num karaokê para aproveitarem dos beijos um do outro. Romelio e Rebecca olharam para os microfones e não pensaram duas vezes, logo foram até eles.

 — Que músicas são essas? Aposto que são os robôs que escolhem! — Ela ria do menu de músicas eletrônicas, mas Romelio logo selecionou uma.

 — Bip! Bip! Bop! Você comanda, você comanda! Robot dança! Robot dança! — cantava a música fazendo voz de robô enquanto Rebecca lacrimejava de tanto rir. — Dançando conforme o som, nós só seguimos um tom! Sua ordem vamos cumprir, antes da humanidade destruir! Você comanda! Robot dança! Você comanda!

 — Você sabe mesmo cantar! Deixa eu adivinhar, aprendeu numa aventura também?

 — Não, eu fiz um curso mesmo! — Piscou para a menina.

 — Eu queria me sentir livre assim todos os dias... — pensou alto sem perceber.

 — E o que te impede, Rebecca? — perguntou, e ela retirou os óculos do bolso, suspirando. — Vamos lá! O que quer fazer agora?


 — Eu quero... Eu quero ir aos laboratórios do museu, no último andar. Estão testando uma nova tecnologia super legal que quero ver!

 — Sério? Não vi nada sobre isso em um dos vários vídeos que vimos daquele robô guia... Podemos mesmo entrar nos laboratórios daqui?

 — Mas é claro! Vem comigo? — Dessa vez, ela o estendeu a mão. Sorrindo, o homem a aperta e os dois vão de elevador para o último andar.

 — Aqui está... — Em seus óculos, Rebecca aproximava-se do ponto vermelho. Seu dispositivo emitiu ondas que desativaram as câmeras de segurança por alguns minutos. Ela os retira e vê uma porta com entrada permitida só para funcionários. — Pode abrir para mim?

 — Rebecca, quando falei que deveria fazer o que quisesse sem seguir ordens... — Começou a falar, mas a menina o calou com o dedo.

 — Eu também quero uma aventura — falou, mudando o tom de voz. Romelio engoliu seco e pegou um clips do bolso, destrancando a porta facilmente para ela entrar.

 "Nanotecnologia é a pequena solução para os meus grandes problemas, mas não estou acertando em algo... Sei que eles tem o que preciso. Procure por frascos com conteúdo similar ao creme dental."

    Procurando o que seu pai a pediu, Rebecca teve auxílio dos óculos até achar os frascos numa redoma de vidro que facilmente criou uma abertura com lasers dos próprios óculos. Assim que encostou em um, o alarme soou na sala e a porta trancou-se, sendo revestida por uma segunda camada de aço. Romelio assustou-se e aproximou-se dela, confuso com aquilo.
    Em todo o museu, as portas também trancaram-se. Ninguém poderia entrar ou sair nesse momento.


 — Rebecca, o q... — Antes de terminar de falar, as portas abriram-se e guardas humanos entraram armados, acompanhados por mais robôs, estes fardados e segurando escudos.

 — Guardas! Por favor, esse homem está me usando como refém para roubar algo daqui!! — lamentou-se Rebecca, e os guardas apontaram as armas para ele.

 — Eu não sei o que está acontecendo, sou só um Aventureiro! Não roubei nada, acreditem em mim! — exclamou, levantando as mãos.



    Em Arctic, Lyon estava sentado no banco de sua caminhonete, pensando sobre o que Lance o disse no dia anterior. Ele estava perturbado mesmo, talvez a terapia não fosse uma má escolha... Foi quando recebeu uma mensagem do próprio Lance e atrapalhou-se ao pegar o celular no susto.

 — O Museu de Technolt? — perguntou-se após ler a mensagem. Ele salta para fora da caminhonete e corre para dentro de sua casa.

Continua

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3 comentários:

  1. "Retirando o colar de dentro de sua blusa, Vel o apertou e pesou o olhar." hm... isso me deixou bem curiosa...
    Este capitulo foi maior que o normal, quase nem consegui terminar de ler ufaaa mas foi legal, Romelio cara do mal logo detestei ele no começo e quando escolheu o Rime e quando usou a pobre e doce Rebecca para entrar e roubar o museu, quem mandou assediar ela? Macho escroto >:(
    Adorei a Rebecca aqui, perfeita e 0 defeitos, minha mãe também me culpava por tudo, me revi nela e quero ser como ela <3
    Amei essa tecnologia estranha que transporta para lugares... ou pelo menos eu entendi como tal. Me lembra o taxi corviknight nos jogos onde dá tela preta =D
    Sério, curti muito do capitulo e espero que o Romelio não volte a aparecer ^^ #Palhaço

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  2. Gostei bastante do capitulo, eu adoro capitulos do museu não sempre muito bons. Esse Romelio um aventureiro, eu shippei por um instante, eu li tudo detalhadamente mas não entendo se quem foi usado se o Romelio pela Rebecca ou se a Rebecca foi usada por ele, essa parte não entendi direito. Mas gostei muito capitulo, e gosto de capitulos no museu e eu to muito ansioso pelo próximo capitulo :3 continuaaaa <3

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  3. Rebecca: TA PASSADA?
    GENTEEEEE XOCADA COM O FINAL DO CAPITULO.
    jurei que a rebecca iria convidar ele pra tomar um chá, fazer alguma coisa bem gratiluz, mas a bicha É PODRE, adoreiiii.
    Bem pra começar adoro a Annie ela segue sendo uma das minhas personagens preferidas da história, o deboche dela é muito bom e gosto do fato dela realmente não se intimidar perante os superiores ou de ninguém, estou muito curioso para ver como ela vai ficar até o final da história.
    And não estava esperando um capitulo focado na Rebecca, mas gostei de nos apresentar a personalidade insegura dela e gostei mais ainda que por mais insegura que seja ela parece realmente decidida, afinal ela decidiu que iria fazer algo e mostrar ao seu pai e foi até o fim, eu realmente adorei esse detalhe.
    (talvez eu esteja distorcendo um pouco os fatos e ignorando que ela foi uma vagabunda, mas okay, vamos de jogar a militancia no c*)
    Adorei a musica, o tour deles pelos locais e fiquei com pena do romelio coitado ,ele parece ser uma pessoa tão boa e no fim acabou fudido, tbm me pergunto se alguém morreu pro pai da rebecca olhar pro colar com tanto pesar, será que os break reunem energia para algo? e para que ele precisa dos elementais? e se ele estiver tentando ressuscitar alguém e essa pessoa só vai poder voltar a vida se for tipo um "break" ou mesmo um pokemon que morreu e ele quer trazê-lo de volta acelerando os batimentos desse pokemon? ai não sei.
    Mas amei a Rebecca, icônica e pra mim ela é a boss final junto com a Diana e shippo as duas já, eu espero que rebecca não seja menor de idade se ela for desconsidere o que eu falei.
    por fim Lyon continua perturbado pelo que Lance lhe disse, estou preocupado com o julgamento dele daqui pra frente, mas vamos esperar pra ver.

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