Capítulo 16

    Rebecca, a filha de Vel, recebeu uma missão de roubar uma nanotecnologia nos laboratórios do Museu de Technolt City, onde conheceu o aventureiro Romelio. Ela o usou como passe livre para invadir o laboratório, mas o alarme de segurança soou assim que encontrou o que procurava.

 — Rebecca, o q... — Antes de terminar de falar, as portas abriram-se e guardas humanos entraram armados, acompanhados por mais robôs, estes fardados e segurando escudos.

 — Guardas! Por favor, esse homem está me usando como refém para roubar algo daqui!! — lamentou-se Rebecca, e os guardas apontaram as armas para ele.

 — Eu não sei o que está acontecendo, sou só um Aventureiro! Não roubei nada, acreditem em mim! — exclamou, levantando as mãos.

 — Aqui, ele me fez segurar isso... — Entregou um dos frascos para um guarda.

 — Chegamos a tempo, o covarde amarelou — disse o guarda musculoso, enquanto seu parceiro pegava algemas com correntes elétricas.

 — Por que não acreditam em mim... — questionava-se, incrédulo.

 — Está claro que foi você, não pode disfarçar. — O guarda o fitou e ele abaixou a cabeça.

 — E ele também me pediu para... Roubar isso... — Rebecca cutucou o guarda mais forte, o mostrando um card dourado. O homem não entendeu, até que...

    Pelas costas, Rebecca deixou uma Pokeball cair e esta se abriu num clarão dourado. Sua Break Florges surgiu imponente e gigantesca, e o guarda deixou sua própria pistola cair, boquiaberto.

 — Bip! Bip! Vamos atacar! Bip! — Um dos robôs deslizou para frente de Florges, que o perfurou com suas folhas douradas. Em seguida, fez o mesmo com os demais robôs, desativando todos de uma só vez.

 — Atire! — O que havia algemado Romelio mandou, mas Florges disparou uma sequência de pétalas douradas que cortou seu colete, o derrubando.

    Do lado de fora do Museu, Lyon chegava o mais rápido que podia com a caminhonete. Technolt ficava ao norte de Arctic, não era um longo caminho e ele conhecia bem a estrada. Beartic estava na caçamba com Weavile, Mawile no banco ao lado de Lyon usando o cinto de segurança, e Michiyo e Khoury nos traseiros. Eles saltam do carro e veem o Museu completamente cercado por barreiras de aço. Os robôs faziam uma linha de frente para impedir qualquer tentativa de entrada ou fuga.

 — Credo, esse é o segundo museu que conheço e já quero ir embora — disse Michiyo. — O que custa irmos num museu normal com fósseis, quadros e velhinhos?

 — Como Lance sabe que aqui tem um deles? — perguntou Khoury, ignorando o questionamento de Michiyo. Lyon levantou os ombros, não sabia responder isso.

 — Ele provavelmente só me chamou por estar mais perto da cidade... Nem deu detalhes do que houve.

 — Isso não é hora de discutir sobre o Lance! — protestou Michiyo. Weavile cruzava os braços e concordava com a cabeça. — Temos que entrar no Museu!

 — Estão no último andar e a segurança é máxima, como vamos fazer isso? — Khoury estava desacreditado.

 — Trabalhando em grupo! — Ela ergueu seu cajado e o bateu no chão. Mawile balançou os dedinhos e um campo místico rosado se prolongou até o museu. — Eu sou Michiyo, acham que um grupo de robôs vai me parar?

    Os robôs amigáveis ganharam olhares assustadores em seus rostos retangulares e passaram a brilhar em vermelho. Suas mãos tornaram-se lâminas e eles deslizaram na direção de Michiyo.

 — Robôs assassinos!! — gritou Khoury, decidindo dar meia volta, mas Lyon o puxou.

    Weavile, Beartic e Mawile se posicionaram para combater, mas um raio caiu na frente deles, fazendo os robôs recuarem.

 — Bip! Criador! — ID156, o robô guia, falou. Todos olharam para trás, vendo um homem de peitoral largo, pele escura e cabelos descoloridos. Usava fones de ouvido com com espinhos metálicos e um terno branco.

 — Laxus — disse Lyon, reconhecendo o homem e levando uma mão ao coração.

 — Não sou o Criador de vocês, sou Laxus — gritou o homem com sua voz grave. — Apenas me deixem entrar, agora!

 — É o líder do ginásio daqui — identificou Khoury, que contou para Michiyo. — Hey, Laxus! Vamos com você, podemos ajudar!

    Parando no caminho, Laxus olhou de canto o grupo, mas ao ver Lyon, fechou sua expressão. Um Vikavolt deslizou para o seu lado como um raio muito rápido. 

 — Existe uma Criatura Dourada aí dentro, sabem o que quero dizer? — perguntou Laxus, e os três assentiram.

 — Estamos as enfrentando faz tempo — falou Lyon, agora conseguindo o olhar nos olhos. Laxus gesticulou com a cabeça, os chamando para o seguirem.

    Dentro do Museu, os elevadores estavam bloqueados. Michiyo sugeriu as escadas, mas ele rapidamente hackeou o sistema e as portas do elevador abriram-se.

 — Quantos andares tem o Museu? — perguntou Lyon. Todos acompanhavam Laxus dentro do elevador demorado.

 — 15 — respondeu Laxus. — São 15 andares, 8 para o tour e o restante têm comércios, o restaurante e por fim os laboratórios. O espertinho que invadiu isso aqui foi bem ingênuo de pensar que a cidade mais tecnológica não tem um sistema perfeito de segurança.

 — Ei, danke por me fazerem focar e lutar — agradeceu Khoury para Michiyo e Khoury. — Eu estive com medo, mas me passaram força! Vou colocar no meu relatório sobre amizade!

 — Relatório sobre amizade? — Michiyo segurou o riso.

    Observando-os, Lyon percebeu que valorizava a amizade dos dois. O elevador continuava a subir e Beartic cobriu os olhos com as patas, tremendo. Pelo visto não gostava de ficar em lugares apertados por muito tempo, o que fazia sentido, afinal quase foi congelado numa parede...
    No laboratório, Florges tinha raízes segurando os guardas e Romelio. Rebecca derramava o líquido dos frascos em uma garrafa, mas suas orelhas palpitaram. Ouviu o som do elevador, tinha alguém subindo. 

 — Florges, Break Mist — pediu erguendo o card e o girando entre os dedos, e a Break Pokemon formou um nevoeiro dourado. Os guardas e Romelio inalavam a fumaça, começando a tossir. — Com o nevoeiro do esquecimento, vão lembrar só o que eu quiser que lembrem. Romelio é o vilão, eu sou só uma refém!

    Após pronunciar as palavras, Rebecca regressou Florges e correu para perto dos guardas que caíam das raízes. Laxus e o restante chegou no andar e entrou no laboratório, vendo os robôs destruídos pelo chão.

 — Onde estávamos? — perguntou o guarda parrudo. — Ah, sim, você está preso! — Apontou para Romelio, que não conseguia dizer nada.

 — O que está acontecendo? — Laxus ficou ao lado dos guardas que explicaram a situação. — Roubando nanotecnologia... O que pretendia com isso?

 — Eu juro, sou um aventureiro... Foi ela — falava de Rebecca, mas recebeu um choque das algemas.

 — Você me usou! Não é a toa que todos estão contra você! — gritou Rebecca, e então percebeu o que fez. Romelio estava fragilizado e os guardas não iam mesmo duvidar dela. Ele a divertiu tanto pelo Museu e agora seria preso para sempre.

 — Alguma peça não se encaixa aqui... Aonde está a Criatura Dourada? — perguntou Lyon, vendo pétalas douradas pelo chão.

    Khoury ajoelhou-se e retirou uma lupa da mochila, analisando as pétalas. Weavile espirrou ao sentir o cheiro delas e Michiyo as reconheceu.

 — São de Florges, têm aos montes em Wind — falou. — Uma Florges Dourada esteve aqui...

 — Então você é mais valioso do que aparenta, eh? Está junto desses monstros? — pressionou um dos guardas. — Vamos te fazer falar, isso vai ser divertido! Hehe!!

    Cerrando os punhos, Rebecca olhou para seu recém conhecido. Não havia mais brilho no olhar ou sorriso. Algo em seu coração estava estranho, como se...

"Quero me aventurar por muitos lugares, detesto ficar em um só! Vim aqui porque eu quis, é disso que gosto."
"Uma aventura só é uma aventura se você realmente quiser que seja!"

    Vendo Laxus segurar nas mãos do guarda para impedi-lo e Khoury bolando mil hipóteses, Rebecca fechou os olhos, suando frio.

 — Eu não quero fazer isso com você — disse Rebecca, com os punhos fechados tão fortes que suas unhas entravam. — Ele está falando a verdade, eu o usei para sair impune. — Ao falar isso, levantou um card dourado. Romelio ergueu a cabeça, surpreso.

 — Eu sinto muito por isso, Romelio! Eu precisava, por mais que não quisesse! Essa era a minha missão, eu só... Não podia! — Culpava-se, segurando no próprio cabelo.

 — Você é a culpada então — Laxus repousou sua mão pesada no ombro da garota, que o olhou lacrimejando. Ele arqueou as sobrancelhas e usou uma clava de choques guardada na manga de sua roupa para desmaiá-la. 

 — Rebecca! — gritou Romelio, mas ainda estava algemado. — Já chega, ela já está imobilizada!

    Antes de qualquer outra ação, quadrados dourados surgiram ao redor de Rebecca e Infi, a secretária tecnológica de Vel, materializou-se com seus cabelos coloridos em coques. Todos se surpreenderam e ela desmaiou os dois guardas ao programar dois feixes no ar.

 — Weavile! — exclamou Khoury, mas Infi programou algemas nos braços dos três Pokemon e dos humanos.

 — Isso também é nanotecnologia — disse Laxus, livrando-se das algemas. — Manipulação da matéria em escala atômica, com princípios básicos de criar novas estruturas estáveis ao reorganizar átomos e moléculas. Tudo que está criando é feito assim, não é? Da mesma forma que seu corpo surgiu aqui... Você é uma nanotecnologia!

 — Ehr... Neeeerd! — Ainda algemada, Michiyo era a mais confusa ali.

 — Está correto, bem observado — respondeu Infi enquanto Laxus vestia duas luvas metálicas.

 — Não é sempre que encontro alguém que entende disso para conversar! — Ele formou correntes que foram eletrizadas por Vikavolt, prendendo-as nos pés de Infi.

 — Quer lutar usando nanotecnologia? Meu sistema só aponta um resultado — Curvando-se, seus olhos brilham e ela desfaz as algemas.

    Laxus monta em Vikavolt, desfazendo-se de sua capa que cai por cima de Lyon. Ele começa a fazer disparos com suas luvas, mas todos eram bloqueados por um escudo dourado formado por Infi.

 — Você é bom, mas é humano, não pode me vencer. — Infi dividiu seu escudo em dois pedaços que transformaram-se em espadas da mesma cor. Ela materializou-se ao lado dele e tentou atingir Vikavolt, mas Laxus fez uma armadura para o Pokemon resistir.

 — Wild Charge! — bradou Laxus e Vikavolt e ele foram cobertos por camadas de eletricidade, voando muito mais rápido pelo laboratório.

    Infi mantinha-se parada, esperando a direção que Laxus atacaria. Quando ela descobre, o para no meio do caminho, mas ele usa suas luvas e os dois disputam com um disparo.

 — É por isso que não gosto de máquinas... — Romelio assistia ao confronto sendo sua única opção.

 — Desista — dizia Infi, desfazendo parte de seu corpo para esquivar de um disparo de Laxus, que agora formava um laço eletrizado por Vikavolt. — Meu domínio é supremo!

 — Está certa... — Laxus mexeu a língua dentro da boca, formulando um raciocínio. — Eu posso manipular nanotecnologia e se você é feita disso...

    Distorcendo o corpo de Infi, Laxus a puxou para perto dele. Ela não sentia dor, mas sua programação começava a falhar. Entrando em modo alerta, explodiu as luvas de Laxus e o fez cair das costas de seu Pokemon.

 — Você... Perdeu — concluiu, segurando no braço de Rebecca e desaparecendo com ela dali.

 — Que raiva!! — gritou Laxus, socando o chão. Vikavolt percebeu que ele feriu a mão e a enfaixou com seda. — D-Danke, Vikavolt...

 — Você foi impressionante! — exclamou Khoury, com os olhos brilhando. — Precisa me contar como sabe fazer tudo isso! Me mostre seus estudos, por favor!!

 — Achar alguém mais nerd que você melhorou um pouco a sua situação, não tente piorá-la, Khoury! — Michiyo continuava tentando se soltar, assim como os Pokemon.

 — Ele tá vivo? O que aconteceu? — Lyon não conseguia enxergar nada, tendo a capa no rosto. Laxus suspirou e soltou todos.

    Uma hora depois, do lado de fora do Museu, todos eram interrogados por novos guardas. Romelio foi solto e estava com Laxus e o restante.

 — Rebecca não é má pessoa, eu sei disso. Vi nos olhos dela desde o início... Ela não faz o que tem vontade. 

 — Mesmo assim, Romelio, se ela está do lado deles e sabe mais sobre essas criaturas... — Lyon encostou no ombro do aventureiro, que abaixou a cabeça. — Obrigado mesmo por compartilhar o nome dela, vai nos ajudar muito na investigação. E sentimos muito pelo que aconteceu, os guardas do Museu te devem desculpas.

    Laxus encarou Lyon assim que ele terminou de falar, mas não quis demonstrar que estava surpreso. pela fala.

 — Não é a primeira vez, eu sei disso porque aprendi em uma aventura! — Romelio recuperou o sorriso. — Obrigado pelo divertido dia!

 — Wheaaavile! — Acenou para Romelio que já corria para longe.

 — Eu teria feito o mesmo, não julgo — riu Michiyo.

 — Isso ainda não acabou, ela conseguiu levar o que queria do laboratório... — Laxus coçou o queixo. — Aquilo estava sendo desenvolvido para manter resultados no tratamento de doenças irreversíveis. Infelizmente, não estava finalizado, ou teríamos uma revolução na medicina... Mas por outro lado, seja lá a utilidade daquilo para eles, não vão conseguir.

 — Ao menos isso... — Lyon sentiu um pingo d'água cair em seu nariz. — Ótimo, vai começar a chover...

 — Senhor Laxus, pode nos deixar ir para a sua casa? — perguntou Khoury, e Michiyo, Lyon e os Pokemon arregalaram os olhos. — Eu quero aprender sobre nanotecnologia! Digo, seria bom para passarmos a noite aqui...

 — Que cara de pau! — Michiyo deu um beliscão no amigo.

 — Você não vai parar de me perturbar se eu negar, então... Podem vir, mas não me acordem se eu dormir. — Ele deu as costas e Vikavolt sinalizou para que o seguissem.

 — Mas Lyon, ao menos você tem informações úteis para o relatório de hoje! O Lance com certeza vai gostar disso — disse Khoury, e Lyon mordeu o lábio inferior. Não havia contado que perdeu a missão.

 — Sim... Claro! Isso vai me dar alguns pontos com ele... Vou começar agora mesmo — falou nervoso, pegando seu celular e abrindo o contato do Terapeuta. Ele suspira e bloqueia a tela, continuando a seguir Laxus.

    Materializando-se na sala subterrânea, Infi cai ajoelhada com Rebeca nos braços. Annie levanta com o susto e Vel corre até elas.

 — Rebecca se entregou e precisei combater. Eles já sabem sobre nós duas — falou Infi, deixando Vel furioso.

 — Então vão conseguir chegar em nós todos! — Annie levantou do sofá. — Eu ainda posso sair disso e fingir que nunca concordei com nada, né?

 — Faça isso e eu te mato — ameaçou, e Annie voltou a se sentar e pegar a revista. — Rebecca, onde estava com a cabeça!

 — Uh... — Recuperando os sentidos, ela só conseguia ver seu pai gritando e gesticulando sem parar. Tomando coragem, ela decide falar. — Eu só estava fazendo o que eu queria!

 — Você não tem que querer nada! Por que não enfia isso na sua cabeça? Não é hora de se revoltar! A vida é essa, não dá para fazer o que quer... — Engrossou a voz e desviou o olhar, até ouvirem o barulho de passos na escada. 

    Annie se jogou atrás do sofá com medo e Infi se preparou para atacar, mas era só H.R., com seu manto surrado. Percebendo que Vel e Rebecca discutiam, ele solta sua mochila do alto da escada.

 — Todos os dados que queria estão na mochila. Acabei de chegar daquela Ilha calorenta e não estou afim de ouvir a voz de vocês. Céus, aquela floresta não colaborou comigo... Um homem deveria saber!

    Dando meia volta e subindo as escadas, H.R. saiu falando sozinho. Sem entender, Vel voltou a gritar pela sala, deixando Rebecca de lado. A menina suspirou e também subiu escadas, passando por algumas jaulas onde se ouvia respirações ofegantes. Parando diante de uma delas, ela passa as mãos nas barras. O Break Zoroark tentou investir em sua direção, mas foi parado por correntes. Rebecca lacrimejou e desviou para um quarto minúsculo, onde deitou numa cama sem lençol. Ela afastou um Rattata e pegou um quadro rachado.

 — Mãe... Por isso que você fugiu de nós? — perguntou-se e abraçou as próprias pernas, começando a chorar.

Continua

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